Monday, May 31, 2004

Guincho só é bom pa surfista e gajos com tendências suicidas!

Pegas na tua cara metade e leva-la para um jantar romântico junto à praia, lugar escolhido: guincho, num retaurante junto à praia.
Combinas apanhá-la às 19, em casa dela.
Apitas como sempres fazes para ela descer, mas o que desce é uma água previamente colocada num alguidar por um vizinho farto de tanta buzinadela e de barulheira. Ficas molhado o que não ajuda nada para a constipação da semana. Ela desce, não te dá um beijo porque está agarrada ao telemóvel a responder a uma mensagem de um ex-namorado. A mensagem teima em não chegar (falta de rede) e ela não tira os olhos do ecrã do pirilampo.
Segues pela Marginal e atropelas um gato ("só maizum..." pensas tu, sem sensibilidade), olhas pelo retrovisor e vês que não é só maizum... é o Kikas, o gato que acompanhou a tua infância e que tinha fugido de casa nessa tarde. O kikas, apesar de levar com 1.500ks de tara em cima, fica bem: bem enterrado debaixo da terra.

Prossegues viagem.
Um dente do Kikas fica enfiado no pneu causando o furo. Não tens pneu suplente, mas só descobres depois de tirar o furado. Ficas sujo, cansado e altamente mal-cheiroso.
Pedem boleia e após meia hora de espera, pára um camião que vos acolhe com agrado. O camionista é interessante. A tua companheira também o acha. Como prova de agradecimento pela boleia, a tua namorada pede o número de telemovel ao simpático condutor... tu não percebes o que uma coisa tem a ver com a outra.
Chegas ao restaurante, está fechado (era indiano dirigido por muçulmanos e estamos em pleno período de ramadão). Dás-lhe uma sandes de queijo que tinhas guardado no casaco à duas semanas. O queijo está estragado e ela vomita por cima de ti. Ela manda-te "pó caralho!" entre gregos...

Desesperado, leva-la à praia para remediar a situação. Começas com a banalidade "os teus olhos são mais lindos que conchas ao luar", "o teu sorriso ilumina toda a praia", "és mais importante que a vitória do Porto na Liga dos Campeões". Ela boceja...
Queres escrever o teu nome mais o dela na areia da praia: "El Criminoso mais... mais..." esqueces-te do nome dela momentâneamente... remedeias escrevendo apenas as iniciais "E+P" (porque te parecia que ela se chamava "Pimpinha")...

"Porque é que meteste E+P se o meu nome é Rebecca?!"
Apressadamente, metes uma perna na diagonal ao "P" transformando-o em "R"... ela não se convence.

Começa uma ligeira brisa e ela diz que se quer ir embora.
Desesperado, puxas das big guns: o anel de casamento...

"Pimpi... Rebecca... queres casar com..." entra-te uma pedrinha pelo goto, engasgas-te... ela tenta fazer-te a manobra de Heymlick e descobres um pequeno apendice na zona da bacia dela, encostado ao teu rabo. Ela afinal não era uma ela...
Vem uma onda maior e leva-te para o alto mar onde acabas por morrer afogado.
Ao longe, tens a tua última visão e o teu último flashback da tua miserável vida:
- visão: Rebecca a ir-se embora com o camionista, ao longe...
- flashback: o teu gato a ser atropelado por ti.

Morres afogado nas tuas próprias lágrimas. :)


(este post é dedicado a Rita P.: lembra-me de nunca te levar ao Guincho, tonta... ;))

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