Wednesday, February 18, 2004

Um prato d'Iscas prá mesa dois, com batata frita, arroz e uns cabelitos prá'companhar!

Hoje tenho uma excelente sugestão para os meus fiéis leitores, uma sugestão de refeição.
Na semana passada, a propósito de um aniversário de uma amiga companheira de muitos crimes, fui jantar ao restaurante "Os Galos", na Mouraria. O lema:"confraternização em familiar convívio no vivo castiço da Mouraria".

Primeira recomendação do El: se forem sozinhos e se tiverem indicações para chegar lá, por melhores que vos pareçam as indicações... nem pensem em ir! Digamos que, se por acaso têm o azar de falhar uma entrada ou virar numa esquina, podem ir ter a sítios deveras... castiços... :|
Eu próprio, andei feito doido por ruelas escuras da Madragoa (lado-a-lado com o Martim Moniz, lado-a-lado com o Intendente, lado-a-lado com o maior ponto de tráfico de droga da cidade da Lisboa actual... sim, é de facto um local... castiço...), à procura da porcaria do restaurante que a minha memória teimosa e obstinadamente, chamava de "Os Gatos". Quando pensava não poder me perder mais, numa rua ainda mais escura, comecei a ouvir gritos histéricos de um homem e uma mulher, utilizando verbos tão simpáticos como "matar", "esfolar", "arrebentar" e "partir-te em 203 bocados e espalhar os pedaços por países longínquos da África Ocidental e Ásia Oriental". Ok... a partir deste encontro imediato de 1ºgrau com a realidade madragoense, resolvi que a melhor solução era regressar ao ponto de partida, de uma forma calma, ordeira e relaxada...
Acabei por chegar ao dito.
O restaurante é porreiro. Nem muito grande, nem muito pequeno. O serviço é impecável e a comida é boa. É boa, para quem goste da especialidade da casa: bife de vitela com molho de cogumelos e uns cabelitos humanos para acompanhar. Exacto... não encontrei, não um, não dois, mas sim três no meu pratinho... e não estou a falar de cogumelos, meus queridos... É o que dá, contratarem pessoal não qualificado!
Pilosidades à parte, o serão foi bom.
Tradição da casa, todas as noites, do alto do seu 1.20m (em cima da cadeira), o Sr. João (proprietário do restaurante e, por certo, não o responsável pela presença de cabelos no meu prato, visto ser careca) sobe para cima de um banco para recitar um dos seus famosos poemas de índole "marota", com a única condição de "a clientela não esboçar sequer um sorriso".
Eu fiz-lhe a vontade... :|

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