Wednesday, March 03, 2004

A dificil arte de soltar um...

Sentados num banco da estação de metro dos Restauradores, eu e uma companheira recente de crimes. Dois bancos vazios. No terceiro, um homem sentado e meio meditabundo, claramente desconfortável, a olhar para todos os lados.
Primeiro, quis-nos fazer ver que aquela área onde todos estávamos sentados, não era muito agradável: persistentemente olhava de soslaio, fazia uns irritantes "ntsc's" e "ptché's", expressões de reprovação.
O comboio com destino baixa-chiado tarda e o homem impacienta-se. Mexe-se persistentemente, como se tivesse a bater palmas com as nádegas.
Usa uma arma que lhe pareceu infalível: "não vos cheira a tabaco?.. alguém anda aí a fumar, não anda?" (convém dizer que o senhor não jogava com o baralho todo: faltavam, no minímo, os jokers) eu, bem educado como fui pela minha mãe, respondi: "não, não... num cheira a tabaco: é mais charuto....". Mais impaciência. Mais "ptché's". Mais revirar de olhos.

Finalmente, para dar fresco ao cu, lá se levantou e dirigiu-se para lugares mais longe. Esperou que chegasse uma barulhenta carruagem e quase conseguiu os seus intentos.... mas não foi o suficiente para o encobrir.
Lá ouvimos a razão da impaciência, loud and clear
Nota: quando quiseis soltar um traquezito, libertai-o onde calhar e lhe der vontade: por mais longe e protegido de embaraço que pensais estar, nunca estais totalmente protegido: no metro, existe uma coisa chamada eco...

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