Thursday, March 11, 2004

A profissão mais deprimente do mundo!

É óbvio que haverá muita polémica para decidir qual será a profissão mais deprimente do mundo. Mas há algumas que têm forçosamente, que estar no top 10 das mais bisonhas.
Dentista tem de ser algo, forçosamente acabrunhante: uma pessoa passa o dia a olhar para as bocas alheias, algumas delas não muito bem tratadas, a levar com hálitos na tromba não muito agradáveis; chega a casa e a história mais interessante que tem para contar à mulher é "hoje tratei de uma boca com 13 cáries... já vistes tal coisa?"... [resposta da mulher].
Trabalhador de uma repartição de finanças ou num banco, got to be depressive também... o dia todo no meio de papelada e de números, os patrões são sempre os piores do planeta, enclausurado entre quatro paredes em tons de amarelo e pessoas naturalmente queixosas e pouco astutas quando toca a números. "Hoje, consegui preencher 100 requisições para empréstimos!! :')" [resposta da mulher].
Uma vez quando era mais pequenino, lembro-me de estar a vir para casa numa noite de Natal, no meio de uma forte tempestade, mas cheio de prendas no carro, quentinho e com um largo sorriso no rosto, olhei lá para fora e notei que haviam pessoas que, possivelmente, estariam um niquinho menos satisfeitas do que eu estaria naquela altura: empregados camarários, em plena noite de véspera de Natal levando com uma tempestade em cima do toutiço, a tentar desentupir esgotos mais cheios de água do que o devido. Pensei... "that's gotta suck!" [resposta da mulher quando o marido chega a casa de depois de um dia de trabalho].
Ser o Sousa Franco, também deve ser bastante deprimente... não sei porquê, ao certo, mas algo em mim fica muito deprimido quando vejo aquele "simpático" senhor na televisão.

Mas não.
Se os já referidos são deprimentes, o seguinte tem de ser o Sousa Franco das actividades laborais em todo o mundo: o trabalho mais depressivo do mundo, é o que fazem aqueles senhores que têm de dar as notícias do trânsito, nos noticiários da manhã.
Ora, vejamos: têm de acordar mais cedo que todos os outros trabalhadores (não quer apanhar trânsito no caminho para o estúdio; seria demasiado irónico), passar a manhã toda a olhar para carros a formarem filas, comentar o que vão vendo em tom monocórdico e mórbido (experimentem dizer com alegria a frase "...e na entrada para o tabuleiro da ponte 25 de Abril, o trânsito está lentamente a formar uma fila que já se vai extendendo por dois kms, desde o nó de Almada": impossivel!!), a qualidade da imagem é horrorosa e desgasta os olhos, estão sempre a entrar no ar de 5 em 5 minutos, não dando tempo para ver o que está a dar na TV Saúde ou noutro canal mais interessante, igualmente para ir tomar um cafezinho ao bar, para ver a gaja boa que trabalha na redacção. Bom, e a conversa interessante que se tem com a mulher, no final do dia?... "Hoje, no IC19, vi 3 Renaults Clios seguidinhos... já alguma vez viste tal coisa!?".. [resposta da mulher]

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